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Odin y la Cuerda del Ahorcado

Odin assim se entregou à sua mais difícil provação: dependurou-se de cabeça para baixo num forte galho do freixo Igdrasil, árvore-eixo do universo, nascida sobre o enterrado corpo do gigante Ymir, morto pelo próprio Odin e seus irmãos, Vili e Ve. E desta maneira dependurado, passou nove dias e nove noites no mais retirado inverno de si mesmo.

Incomodado com o fato de que não lhe acorriam novas revelações além de tudo aquilo que desde sempre já sabia, Odin resolveu sacrificar então algo de si mesmo no intuito de elevar-se assim a uma maior sabedoria. E foi por isso que arrancou da órbita um de seus olhos, com o que se pôs, paradoxalmente, a enxergar toda a atemporal Verdade do holograma cósmico. Com isso compreendeu a ubiquidade a que se resumem Urdur (o passado), Verlande (o presente) e Skuld (o futuro), e penetrou ainda nos segredos do alfabeto rúnico, de poder oracular, a fazer doravante de suas palavras eternos poemas a professar sua velada profecia. E houve por bem que entregasse essas mesmas runas aos homens que ele e seus dois irmãos haviam posto a habitar Midgard (terra média), o mundo em que vivemos.

Arcano XII - Ellen Cannon Reed Tarot

Arcano XII – Ellen Cannon Reed Tarot

Versos míticos do clássico nórdico Edda Maior, datado de 1056 d.C., assim retratam o feito:

“Pendurado naquela árvore, fustigado pelo vento,
Balancei por nove longas noites,
Ferido por minha própria lâmina,
Eu me ofereci em sacrifício a mim mesmo.
Amarrado àquela árvore, raízes no desconhecido,
Ali fiquei sem pão, também sem água,
E meu olho se voltou para as últimas profundezas.
Lá eu vi as Runas, e foi com terrível grito que as peguei,
E tão fraco estava que caí, mas ganhei sabedoria;
Uma palavra, depois a seguinte,
conduzem-me à terceira, e assim sempre será,
de um feito a outro feito”.

Por isso, segue o signo:

ODIN AHORCADO

Pretendo renascer na Primavera,
porquanto em meu Inverno me recolho;
Odin, sou só silêncio, arranco um olho
e enxergo, visionário, a Nova Era.

Dependurado eu ponho a barba em molho;
meus sonhos cristalizam-se em monera,
as vísceras congelam-se em ser cera,
entrego-me ao wu-wei do nada escolho.

De interninferno em mortibernação,
visito-me em cavernas mães-raízes
no poço de Mimir em seiva e lodo;

Vislumbro-me holograma, um olho eu todo
e sorvo do cipó-folha as matrizes
das flores que serei Prima-Estação!

Paulo Urban, Sonetista do Aquarismo
decassílabos heroicos
manhã de inverno, 13 de julho, MMXIII

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