Sempre me pergunto se teremos como espécie a sabedoria necessária e suficiente para que possamos entregar aos nossos filhos um mundo minimamente saudável e sustentável, uma Terra em que as gerações vindouras possam de fato prosperar em paz e sobreviver dignamente, a garantir a natural sobrevivência de nossa civilização. Saberemos ou não legar aos nossos descendentes na mesma proporção que recebemos este mundo dos antigos?

 

Pois, deles foi que herdamos essa mitologia toda que permeia de histórias fascinantes nosso céu pleno estrelado, também as artes que nos regam a alma e os conhecimentos necessários à nossa evolução; deles também é que vem o grande ensinamento (por muitos hoje já perdido): esse senso de sacralidade com que devemos viver em comunhão com a Natureza; pois, sim, vem dos Antigos o sagrado legado dos Mistérios, e ainda os ritos de Iniciação, cuja crucial função não é outra senão a de reconectar nossa alma à ‘Anima Mundi’ (leia-se: a divina alma do Universo), e elevá-la pela estreita via das virtudes a esmerar-se em aspirar às belezas transcendentes, a fim de conquistar os tesouros invisíveis que moram guardados no divino Reino.

 

Por isso tudo é que o estudo e, sobretudo, a vivência das Ciências do Sagrado ao mesmo tempo nos conforta e nos prepara: prepara-nos, pois, a verdadeira senda Iniciática pede o exercício do Amor sob Rigor; é como andar sobre o fio da navalha: passo a passo aprendemos que amar é estar seguro sem certezas, e é assim que nos afiamos pelas estradas da vida; e ainda nos conforta, posto que diante dos Arcanos Mistérios, resta saber que o maior dos mestres será sempre o mais pequeno, aquele que se descubra mais simples a cada rito de passagem e se ponha a brincar cada vez mais feito criança no secreto bosque dos pagãos, a celebrar a sacralidade do Agora. Porque ser feliz é o que verdadeiramente nos conforta.