O REAL MUNDO DA MAGIA
Texto de Paulo Urban, publicado na Revista Planeta, edição nº 356, maio/2002
Dr. Paulo Urban é médico psiquiatra e Psicoterapeuta do Encantamento
A verdade é que a magia sempre existiu. Não há dúvidas de que no passado longínquo, o pensamento mágico era o único elo capaz de explicar o mundo e seus fenômenos aos antepassados pré-históricos.
Primeira operação da mente humana, o pensamento mágico é o alicerce de todas as religiões e civilizações emergentes que, por sua vez, desenvolveram suas artes e ciências, estas últimas hoje capazes de proceder maravilhas cada vez mais próximas do ato mágico da Criação. Afinal, estamos à porta de decifrar o mistério do código genético, de descerrar o véu sagrado do proteoma. A cobra está prestes a morder o próprio rabo, sinal de iminente sincronicidade. Que fenômenos sincronísticos serão desencadeados quando a volta do primeiro ciclo estiver completa? Estaríamos próximos de um novo salto evolutivo a ampliar o psiquismo do planeta?
Eis o paradoxo: a humanidade, dependente de sua sofisticada tecnologia, nunca se viu tão centrada em seu renascido interesse pela magia. Talvez o faça por instinto de sobrevivência, já que o prenuncio do oroboro sempre põe em xeque nossos valores mais profundos. Ademais, o fim da magia seria o fim da própria humanidade. Nenhuma cultura sobrevive sem ela; seu desaparecimento seria a dissolução do mais arcaico modo de pensar.
O primeiro livro de magia conhecido é a epopéia mítica de Gilgamesh, que remonta à época dos sumérios, há mais de 5 mil anos, conforme nos atestam as doze tabuinhas de barro gravadas por escrita cuneiforme, pertencentes à fabulosa biblioteca do rei assírio Assurbanípal, que viveu no séc. VII a.C., encontradas em escavações arqueológicas em meados do séc. XIX.
Gilgamesh, rei de Ur, é o mais antigo herói humano. Ele encarna em sua sina as principais questões da existência; detém-se perplexo diante da brevidade da vida e parte em busca da imortalidade. Bravo guerreiro, vence provas e assimila poderes mágicos do deus dos sonhos, com os quais se prepara para roubar a erva da imortalidade nas profundezas do reino das Águas Mortas. Nem se preocupe o leitor com isso agora, prometo uma matéria a respeito deste primeiro mito da humanidade, no qual se delineiam os grandes pontos da magia.
Como dissemos, a magia rompeu aurora muito antes da escrita. Pensamento e linguagem são totalmente permeados por magia; até mesmo o psicanalista Jacques Lacan (1901-1980) admitiu isso. O homem pré-histórico percebia em seu mundo uma fusão incompreensível de fenômenos sonoros atrelados às suas imagens; ele “via” sons no correr do regato, no balançar das árvores, no andar dos bichos, no ribombar das tempestades, nos golpes de luta, no rolar das pedras, entidades essas todas que estavam tão vivas quanto ele próprio. A partir desse universo acústico uma série de símbolos sonoros pôde ser criada na tentativa de reproduzir os eventos naturais, o que fez surgir a linguagem. A antropologia e a semiótica esclarecem: os nomes dados às coisas pelos homens pré-históricos revelavam-nas “em si”; declaravam seu verdadeiro som, seu modo de ser, conforme sua natureza era percebida.
Por meio da linguagem pôde o homem diferenciar-se do meio; ao nomear as coisas tornou real sua inserção no mundo, passando a explorá-lo, a partir da porta da caverna, cada vez com mais amplos horizontes. A formação de conceitos simbólicos é sempre um ato criativo em sua concepção.
A linguagem, paradoxalmente, tanto expressa a consciência humana como dá conta de seus limites, já que sabemos existir experiências transcendentais que, a despeito do avanço das ciências, permanecem inatingíveis pela simples razão. Para o homem pré-histórico, dado seu estado natural de ignorância lógica, tudo na verdade tinha esse caráter mágico inefável. Conforme aprendia a criar símbolos, melhor dava conta de suas necessidades. E deflagrou-se aí o estopim revolucionário do pensamento humano, a conferir a toda humanidade uma identidade comum, lançando as bases das civilizações.
O que salta à vista é que desde que o primeiro rasgo de pensamento se desprendeu da fonte de inconsciência de si mesmo em que estava imerso – o que em termos bíblicos corresponde à expulsão de Adão e Eva do Paraíso – uma fenda atemporal foi aberta pela espada flamejante do arcanjo Miguel, que escoltou o casal até a saída, e nela se prendeu o elo primordial da magia. “Onde mesmo se prendeu a magia?”, pergunta-se o leitor reflexivo, “na fenda do tempo, na espada do Arcanjo ou na saída do Éden?” E como não o sabemos precisar, apenas brincamos com as palavras, vemos que o elo original talvez esteja preso à nossa própria capacidade de reflexão, ampliada pelo universo lúdico e criador da linguagem. Quero dizer com isso que o Verbo da Criação é mágico em sua natureza; mais que isso, Ele é divino.
A mente mágica que trazemos, herdeira legítima do estado de pureza original, é algo notável; essencialmente feita à semelhança do Criador, reproduz o ato criativo pela magia da palavra. Por meio de símbolos sonoros que se transformam em linguagem, idéias podem ser expressas. Estas sugerem imagens primordiais, as quais, uma vez desenhadas, plantam a semente da escrita, que se desenvolverá sob os mais diversos aspectos gráficos nas diferentes culturas.
Há um axioma mágico: No raio de sua ação, o Verbo cria. Muitos se detiveram a explicá-lo, dentre eles o abade francês Alphonse-Louis Constant (1816-1875), cujo nome iniciático é Eliphas Levi, mago cabalista que se destacou na história do ocultismo, com quem ando fazendo as pazes ultimamente, depois de muito criticar seus livros por conta da soberba do positivismo de que estão eivados. Levi legou-nos mais de 200 livros sobre as ciências ocultas, sendo História da Magia e Dogma e Ritual da Alta Magia os mais conhecidos. Neste último, discorre em várias partes sobre o poder do verbo. “Denomina-se Verbo aquilo que exprime o ente e a ação”, diz ele, e “o Verbo é a verdade da vida, que se prova pelo movimento”.
Dentre os quatro Evangelhos, o de João é o único a retomar o tema em seu prólogo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus”, e nos revela que “o Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem”. Eliphas Levi viu no Fiat Lux divino a ordem para que o homem abrisse os olhos, para que vislumbrasse a grande consciência por meio de sua inteligência, esta última miticamente representada por Lúcifer, cujo nome provém do latim lux, “luz”, e phoros, “o que carrega”, a indicar o seu papel de anjo Portador da Luz, equivalente bíblico do Prometeu clássico.
Posso dizer que a partir do instante primordial em que tomamos consciência de nós mesmos, feito pequenas estrelas desprendidas do sol, passamos a brilhar a luz divina, reflexos que somos dela própria, e a expressamos continuamente por nosso verbo e pensamento, conservando a magia do Deus criador, ao mesmo tempo que exercemos o arbítrio, severo castigo que nos foi imposto pela ousadia de ver Deus.
Expulsos do Éden, sentimo-nos livre. A inteligência despertada tem sede e fome de luz; tentando retornar à fonte, inicia sua longa jornada de percalços. Centrando-se em si, a consciência se vê tomada por angústia decorrente de suas reflexões; olhando à sua volta, enxerga o alcance de seu poder bem gravado na história das civilizações. Voltemos à lição de ocultismo do mago Levi; ele conclui: “Deus não criou a dor; a Inteligência a aceitou para ser livre”.
E a magia nasce daí, dessa vontade de ser livre! Surge da necessidade do homem descobrir sua identidade, seu verdadeiro papel no palco da natureza, da vontade de melhor compreender os enigmas do cosmos e de si mesmo, missão à qual se entrega fazendo valer todos os artifícios possíveis para exercê-la. Comprova-se assim a primeira tese: o pensamento mágico é um estado primordial da consciência humana.
Como as verdades conhecidas são todas pertencentes a esse pensamento vivo, presume-se que outras verdades existam além dos limites do intelecto. São as chamadas verdades ocultas, ou verdades transcendentes, acessíveis apenas pelo caminho da intuição ou mediante estados alterados da consciência. A magia passa a funcionar então como instrumento capaz de rasgar o véu dos mistérios e transpor o muro da separação, pois expressa a relação direta entre o homem e a fonte de onde provém. Feito o caduceu de deus Hermes, pai da magia e da alquimia (de onde se deriva o nome de sua doutrina, o hermetismo), é a magia quem nos une de modo vertical e direto aos planos transcendentes.
A propósito, a palavra magia vem do grego magéia, a designar as artes de um mago. Entretanto, o nome foi importado dos antigos povos da Mesopotâmia. Porfírio (232-304 d.C.), por exemplo, em sua Vida de Pitágoras, relata que o mestre depois de aprender por 22 anos a magia egípcia, foi feito prisioneiro do rei persa Cambises, que invadiu o Egito. Enviado à Babilônia, viveu um exílio de 12 anos. Diz Porfírio: “vários historiadores o atestam, Pitágoras aprendeu a astronomia dos caldeus, a geometria dos fenícios e as artes ocultas dos magi”. Estes últimos, esclarece-nos Heródoto (480–420 a.C.) em sua História 1; 140, compunham uma tribo meda não ariana, uma das seis tribos da Ásia Menor, e sua classe sacerdotal dedicava-se à magia, de onde os gregos assimilaram o termo.
Também o profeta Jeremias (650-586 a.C.), cap. 39, ao descrever o séqüito de Nabucodonosor, rei da Babilônia, quando da conquista de Jerusalém, informa que dentre os oficiais invasores estava Nergal-Sereser, chefe dos magos, a quem o profeta chama em aramaico de rab mag. Entre os assírios, os magos eram ditos mahhu, e os persas chamam magusk ao “homem sábio”.
As origens dos signos lingüísticos, conclui-se, estão essencialmente vinculadas ao pensamento mágico praticado desde o pré-histórico alvorecer da consciência. Evidências da relação entre linguagem e magia acham-se por todas as línguas. Em inglês, por exemplo, spell quer dizer “soletrar” e ao mesmo tempo designa toda fórmula de encantamento. Sorcier, “bruxo” em francês, muito se aproxima do termo source, “fonte”, que genericamente abrange tanto a idéia de potencial como o local onde tudo se origina. Em italiano, bruxa diz-se strega, mas há o sinônimo saga, que também diz respeito à oralidade poética. Já o termo runa, nome do arcaico alfabeto germânico que se difundiu na Escandinávia e alcançou as ilhas Britânicas, quer dizer “feitiço”.
Glamour, que em inglês é “encanto”, charme pessoal”, provém do escocês glamer, “feitiço”, por sua vez corruptela do próprio inglês grammar (gramática), a revelar a associação que sempre existiu entre o ocultismo e a erudição. O conhecimento da gramática, desde suas origens, sempre foi considerado um saber mágico, destinado a raros iniciados.
Há ainda o termo francês grimoire, a denominar os livros de magia, obras obscuras, que em português são “grimórios ou engrimanços”. A palavra vem do francês grammaire, que designa a gramática latina, também chamada grimorium verum, cuja complexidade é inacessível para o vulgo. De mesma forma, “grimório”, em seu sentido vulgar é todo alfabeto incompreensível, atribuído ao demônio, do qual se originam as fórmulas imprecativas com as quais os bruxos crêem fazer obedecer-lhes os espíritos da natureza.
Outra palavra chave é “fetiche”, do francês fétiche, a significar sortilégio. Foi tomada por empréstimo do português feitiço que, por sua vez, provém do latim factitius, ou “imitativo”, no sentido de “copiar a natureza”. Interessante é descobrir o fetichismo como o primeiro traço da interação psíquica entre o homem e o meio, numa espontânea tentativa de compreender o todo. A mente fetichista atribui poderes às coisas todas e declara-se deles imbuída quando quer que traga preso ao corpo certo objeto especial ou algo que o represente. No fetichismo está à crença de que os objetos “imitam”, isto é, representam entes espirituais com qualidades próprias.
A psicanálise leu nesse arcaico mapa do psiquismo uma perversão da libido que, direcionada para qualquer parte corporal que não os órgãos sexuais e potencialmente capaz de substituir o coito e produzir orgasmo, denunciaria um distúrbio psicopatológico. A essa idéia contraponho o simples fato de que a energia sexual, quando manipulada pelo artifício do fetiche, traduz-se num dos mais eficientes recursos, inerente ao pensamento primordial, capaz de resgatar para o ato sexual seu caráter mágico e verdadeiramente prazeroso. A palavra energia, inclua-se aqui a libido, oculta em si o segredo perdido do animismo. En, do grego, quer dizer “voltado para dentro”; ergon é “trabalho”. Logo, todo aquele que lide com energia, seja o mago, o psicoterapeuta, ou o casal à beira do altar do sexo, realiza um trabalho interior e procura pela vida guardada no âmago de cada ser e cada coisa. Onde Freud viu a perversão da libido, penso que uma mente mais aberta encontraria o sagrado modo de perceber o Universo, e de realizar magicamente sua obra pessoal, a incluir saudáveis celebrações do sexo, atividade esta que, sem encantamento, se reduz a instinto simplesmente.
Dentre os inúmeros objetos da magia cerimonial, quatro deles são universalmente eleitos; mera maneira de se aplicar o princípio do fetiche ao ato mágico deliberado, pelo qual o mago busca alcançar certos efeitos e poderes. São eles: o caduceu, a taça, a espada e o pentagrama.
Cada um desses símbolos mereceria uma matéria inteira; vejamos o mais importante. Eles denotam valores e desafios que o mago deve decifrar para incorporar-se de seus atributos ocultos.
O caduceu, seja um cetro real faraônico ou o cajado sagrado de Moisés, ou ainda a varinha dos mágicos de salão, representa o saber do mago, o conhecimento do truque; é o poder, portanto. Corresponde ao naipe de paus dos baralhos e associa-se ao elemento terra, que é a prima matéria do ser, aquilo que nos dá forma e nos permite sensações.
A taça é o ícone do Santo Graal; miticamente é o cálice em que José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Jesus crucificado, antes de migrar para algum lugar da França ou da Inglaterra, países que reivindicam para si o local onde o Graal estaria enterrado. A lenda do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda nos conta que somente Galahad, o mais puro dos cavaleiros, pôde encontrá-lo. O Graal é a plenitude interior, onde se recolhem nossos sentimentos mais profundos; por meio dela, o mago conhece e cala. A taça é copas no baralho; daí a expressão “fechar-se em copas”, e relaciona-se ao elemento água, que representa o conteúdo do ser.
A espada é a força do mago. Também sua vontade, seu querer. Instrumento metafísico, simboliza a discriminação aguçada dos sentidos, a intuição, o raciocínio penetrante do intelecto, a decisão. Geralmente, a espada mágica é forjada por algum deus, ou deve ser retirada de uma pedra onde jaz há tempos encravada, ou ainda é entregue ao herói pela deusa do lago. Por essa razão, por surgir ou da terra ou das águas, é o terceiro objeto da magia. Associada ao naipe de espadas, seu elemento é o fogo. É também o pensamento do mago.
A tétrade mandálica se completa com o pentagrama, ou estrela de cinco pontas, na qual podemos inscrever a figura humana de braços e pés estendidos e abertos, fazendo a cabeça coincidir com a quinta ponta do desenho mágico. Paracelso (1493-1541) valia-se de um desenho do pentáculo, acrescentando a cada ponta uma letra da palavra S-A-L-U-S (saúde), como talismã contra as doenças. Associado ao naipe de ouros, traduz a espiritualidade do ouro alquímico, metal nobre e incorruptível, também símbolo da perfeição divina. Seu elemento é o ar, que confere intuição ao mago.
O mago segue, portanto, por quatro caminhos; e deve ser sensível e perspicaz para saber, calar, ousar e querer na dose certa. Nessa perspectiva, os signos desses quatro objetos têm a capacidade de constelar no inconsciente pessoal uma série de conceitos, de modo imediato e mágico, estabelecendo uma ligação direta entre o mundo de dentro e o de fora, também entre o mundo humano e o divino. A magia, nesse sentido, pode ser aplicada à prática terapêutica, quando passa a ser explorada e reverenciada de forma ritualística de modo a equilibrar a energia da psique.
Por fim, para atualizar nosso mito, convém dizer que o mundo do primeiro herói humano Gilgamesh é o mesmo mundo em que Tolkien faz transcorrer a grandiosa Saga do Anel; ambos meros correlatos de nosso psiquismo original e profundo, o que faz dos mundos da magia algo absolutamente verdadeiro, repleto de medos, monstros, heróis e tesouros guardados. Se estivermos dispostos a perceber a realidade da alma muito além da barreira da libido, teremos que mais dia menos dia mergulhar de corpo e alma no real reino da magia.
“Por causa do meu irmão, tenho medo da morte[…]” (p.99; Martins Fontes)
Li a epopeia de Gilgamesh, no sábado retrasado, e acho que “incorporei” a trajetória de Gilgamesh a ponto de perceber que, assim como ele, eu estou “esfomeada” na alma porque não consigo lidar com a morte de um ser que eu amo.
Uma parte que ficou muito marcada na minha mente foi o momento que ele ouve a história do dilúvio (p.100). Então me veio o pensamento: o que fez Noé abandonar tudo e construir um barco? A resposta que me veio foi: a promessa. Na história de Gilgamesh, Utnapishtim é o homem sobrevivente, como Noé, não havia promessa, apenas o livramento da morte. Só depois de passado o dilúvio, e a ira de Enlil, foi que Utnapishtim e a mulher foram contemplados com um lugar de vida eterna. Passaram-se muitas coisas na minha cabeça, desde pensar em hipóteses a respeito do que Noé sentiu e pensou até pensar que enfrentamos “dilúvios” o tempo inteiro e as vezes nem percebemos. Comecei a ficar sem chão porque não havia, pelo menos inicialmente, razão para construir um barco, fugir da morte e acreditar em algo melhor. Fiquei um pouco pior do que antes, mas continuei pensando porque sentia que ainda não tinha encontrado satisfação nas minhas próprias respostas. Eu estava sofrendo porque, mesmo com medo da morte física, eu sentia que a morte não era tão terrível perto da perda de tudo, inclusive do que dava sentido e estrutura a vida. Foi quando me lembrei do Caminho dos Anjos. Eu estava vivendo uma fase difícil da minha vida na pré-adolescência, vou comparar essa fase difícil ao mundo “violento” dos dois dilúvios apresentados; Por conta dessa fase difícil passei a buscar respostas na internet, em livros, no que estava ao meu alcance na época, comparo isso ao desconforto que Noé e Utnapishtim devem ter vivido na época deles com tanta violência gratuita; quando cheguei aqui no blog e li sobre a peregrinação, vou comparar isso a mensagem que Noé e Utnapishtim receberam sobre o dilúvio; embarquei na jornada, fiquei 2 anos e 7 dias “peregrinando”, comparo os dois anos com a construção do barco e os 7 dias aos dias de dilúvio; Eu povoei e fiquei povoada pelas experiências que adquiri nesse tempo, e até hoje faço questão de contar a mesma história (rsrs). Decidi fazer o caminho porque sentia que era algo importante, não tinha uma explicação clara sobre o porquê e até hoje eu sempre penso que esgotei o significado daquela peregrinação, mas quando menos imagino, encontro novos significados que me saciam. Talvez aquela peregrinação seja apenas um canal e as palavras que eu trago sejam apenas fragmentos.
Espero, em vida e consciente, voltar para aqueles que amo. Essa é a única promessa que aquece o meu coração.
Beijo, Paulo.
Que lindo ?